LETRA:
se um dia eu deixar o meu sertão
resolver viajar para distante
eu por la vou me lembrar a todo instante
das perneiras o chapéu e o gibão
da espora o chicote e o facão
da susana da corda e a laçada
do cavalo o galope e a passada
da cacimba o açude e o barreiro
se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada
desde novo que eu sou acostumado
em laçar touro bravo na caatinga
comer carne de bode e tomar pinga
dançar xote baião e correr prado
aboiar tirar leite e tanger gado
ganhar taça e troféu em vaquejada
vacinar campear e cantar toada
e namorar com filha de fazendeiro
e se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada
eu não penso em deixar a minha terra
o lugar que eu nasci e fui criado
que não quero viver como empregado
vou ficar aqui no meu pé de serra
assistir a ovelha quando berra
de manhã o cantar da passarada
meia noite uma coruja parada
na estaca da cerca do chiqueiro
se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada
eu não quero mudar meu ideal
pra dizer que eu sou capitalista
vou seguir minha vida de artista
só não quero negar meu natural
se trabalho do campo a capital
mais não acho esta luta tao pesada
la na serra construí minha morada
sou feliz com meu povo o tempo inteiro
se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada
admiro demais a natureza
vem a chuva o relâmpago e o trovão
deus mandando a riqueza pra o sertão
se ver água descer na correnteza
já se vê muito lucro com certeza
sendo assim já não vai mais faltar nada
vê o sol de uma manhã de orvalhada
clareando o painel do tabuleiro
se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada
o vaqueiro é um gênio sertanejo
que desperta a boiada nordestina
o aboio é a sua disciplina ele canta
matando o seu desejo
come mel rapadura leite e queijo
o cuscuz o angu e a coalhada
se lhe falta a manteiga ou carne assada
ele come a buchada de um carneiro
se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada
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